O sol ao oeste mostrava seus últimos raios, acima da imensidão de arvores e do céu limpo, sem nuvens, que deixava transparecer a ultima luz, daquela que fora uma tarde tranquila. Parecia que tanto o sol quanto o céu decidiram homenagear a beleza daquele imenso bosque. Uma perfeita paisagem primaveril. Ao leste distante uma longa cadeia de montanhas escondia a lua em seu despertar. As arvores, em todas as direções reinavam e suas folhas apresentavam um verde intenso. As flores estavam no apogeu do seu vigor, diversamente coloridas.
Em meio a este cenário corria uma estrada de terra, e nela um pequeno grupo de viajantes em cavalos, uma carruagem, e carroças, que sem pressa seguia calmamente ao seu destino. Tão serena era a comitiva, que nem mesmo os pássaros davam atenção, e ao invés de voar para lugares mais distantes, permaneciam ao redor com seus cantos melodiosos, se despedindo da tarde. Mas não eram apenas os pássaros responsáveis pela melodia. Dentro de um vento suave, ecoava também uma melodia ainda mais bela que a dos pássaros, o som de uma harpa, e eram dedos habilidosos que á tocavam. A de um jovem presente. E aqueles que ouviam a bela melodia, permaneciam em silêncio, absortos em seus pensamentos. Acometidos por alguma lembrança afortunada.
E ali sentado na carruagem ele permanecia compenetrado em sua musica, quase imóvel, apoiado no instrumento, de cabeça baixa, seus cabelos escuros caiam em frente ao rosto, seus olhos permaneciam fechados enquanto tocava, parecia estar preso ao sono, num distante sonho, mas suas mãos mostravam o contrário, cada acorde era perfeitamente executado. E assim, já permanecia á algum tempo, e nenhuma voz se escutava, apenas ao som da harpa, e da natureza.
Mas foi o próprio harpista que de súbito, irrompeu a esse silêncio, quando acompanhado de seus acordes, começou a cantar uma poesia, que a muito tempo havia deixado de lado, mas que agora por algum motivo, voltava em seu pensamento.
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